CORONAVÍRUS

06/04/2020

Montes-clarenses relatam drama no exterior

Não está nada fácil. De uma forma inesperada, o coronavírus mudou a vida de montes-clarenses que vivem no exterior. A princípio, a doença parecia estar chegando devagar e as pessoas estavam levando suas vidas normalmente: trabalhando, conduzindo os filhos para a escola e acompanhando as notícias sem pensar que seriam atingidas de forma tão direta. A reportagem do NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS conversou com alguns montes-clarenses que moram nos Estados Unidos e na Noruega. A dona-de-casa Santa Oliveira reside na cidade de Newark, em New Jersey, Estado situado no nordeste dos Estados Unidos.

"Eu estou desempregada. Moro em Newark há 16 anos. É uma cidade que possui em torno de 280 mil habitantes, e nunca passei por uma situação dessa. Tenho uma filha de 14 anos. Fico com ela em casa de quarentena. Graças a Deus, ninguém contraiu o vírus. Em casa, estamos tranquilas, reforçando os hábitos de higiene e seguindo todas as orientações para evitar o contágio", relatou a montes-clarense.

Atualmente, em Newark, todas as lojas estão fechadas, com exceção daquelas que vendem produtos essenciais, como farmácias e supermercados. "Escolas, universidades e instituições culturais estão todas fechadas. Qualquer tipo de encontro entre pessoas foi proibido, e isso vai de eventos a reuniões de trabalho e, até mesmo, jantares em casa. Então, quem não tiver um motivo válido ou essencial não deve sair de casa", disse.

O lado positivo de tudo isso, segundo a montes-clarense, é ver que, mesmo assim, tem muita gente fazendo sua parte. "Aqui tem uma comunidade que se chama Mantena. A população organizou campanhas de arrecadação para ajudar os mais necessitados com cestas básicas. O governo também tem ajudado com cestas básicas e um cartão (gift card) no valor de US$ 100,00 para comprar alimentos", relata.

"Não podemos ver amigos e familiares. Não podemos nos relacionar fisicamente com o mundo exterior, o modo de contato é a internet. A esperança é que isso acabe logo e que todo o sacrifício terá valido à pena e poderemos voltar à normalidade. Em Nova Jersey, mais de 350 pessoas já morreram de coronavírus", disse Santa Oliveira.

NORUEGA

Já a Noruega tem obtido bons resultados no controle da doença, graças à quarentena que o país impôs em seu território. A advogada montes-clarense Flávia Lafetá Ribeiro (30 anos), que vive na cidade de Tonsberg há sete anos, conta como é a situação do país, que registrou mais de 70 mortes entre cerca de 5.700 contaminados.

"Estou em isolamento domiciliar desde o dia 13 de março, trabalhando em regime de home office. Eu saio de casa apenas para passear com minha cachorra ou ir ao supermercado. Estou muito atenta com a higiene das mãos quando estou fora de casa e ao retornar. Além de não entrar em casa de sapatos, temos atenção com a limpeza da casa", relata Flávia.

Segundo advogada, o governo tem adotado várias medidas para ajudar a população. "Foram várias medidas adotadas, divididas em pacotes para diferentes áreas. Um dos pacotes direcionados aos trabalhadores que tiveram suas dispensas em função da COVID-19 foi subsidiar os salários por 20 dias com valor integral, até um teto limite. Após esses 20 dias, os trabalhadores que não conseguirem retomar às suas atividades, poderão receber seguro-desemprego, que equivale a 62% da remuneração do trabalhador. No caso do auxílio pago aos desempregados em função do coronavírus, o benefício será calculado com base nos rendimentos de cada trabalhador nos últimos três anos, até um teto limite", explica a advogada.

Flávia Lafetá informa que o confinamento na Noruega não foi instituído como obrigatório para pessoas que não estejam em quarentena ou suspeitas de estarem contaminadas com a COVID-19. "Não há toque de recolher ou policiamento nas ruas para verificar se as pessoas estão respeitando as regras do confinamento. Porém, as pessoas estão muito conscientes de seus papéis de não disseminar o vírus", comenta.

A montes-clarense explica que existe um respeito coletivo pelas recomendações do governo, tanto pela população, pessoas físicas como pelas empresas, que estão seguindo as recomendações de forma exemplar. "Não se questiona as medidas como fechamentos de restaurantes, bares, salões de beleza, academias de ginástica, clínicas de estética e lojas, porque se entende que estamos todos diante de uma crise de saúde pública global", afirma.

As medidas na Noruega entraram em vigor no dia 13 de março e se encerram no dia 13 de abril. De acordo com Flávia Lafetá, depois do feriado da Páscoa e antes do dia 13, o governo decidirá se as medidas serão prorrogadas. A primeira-ministra anunciou em seu último pronunciamento, que antes do fim do feriado de Páscoa, outro pronunciamento seria feito para comunicação sobre a decisão de extensão (ou não) das medidas. Para o caso de pessoas em quarentena (chegando de viagem por exemplo), que desrespeitarem o isolamento, existe uma multa equivalente à R$ 6 mil. Com o objetivo de reduzir a possibilidade de contágio à população de cidades menores nas regiões das montanhas, também foi instruída a mesma multa para qualquer pessoa que viajar para suas casas de férias nessas regiões, durante o período de confinamento.

ISOLADO NA FLÓRIDA

Há 32 dias no estado da Flórida, nos Estados Unidos, o montes-clarense Celmar Bastos da Silveira (59 anos), corretor de seguro, disse estar em estado de alerta. "Vim visitar os meus três filhos que moram aqui em Pompano Beach, no estado da Flórida. Aqui onde estamos ainda não tem isolamento, mas tenho tomado todos os cuidados possíveis. O governo se mantém em alerta 24 horas, na medida do possível em que o corona avança, ele decreta quarentena", relata Celmar, ao afirmar que tem saído pouco de casa e mantendo distância das pessoas para conversar, usando mascarás e luvas, tomando bastante água, e comendo muitas frutas ricas em vitamina C.

Segundo Celmar, as regiões mais afetadas são as frias. "Aqui nós temos a mesma temperatura de Montes Claros". Ainda segundo Celmar, os seus filhos estão trabalhando normalmente. "Eles trabalham isolados, sem risco. Aqui também tá tendo toque de recolher a partir das 22 horas (é como se faz na época dos furacões)", disse.

O montes-clarense confessa estar tranquilo, mas assustado no mesmo tempo. "Aqui nesta região não houve morte, mas ficamos em alerta, tomando todos os cuidados necessários. Estão fechados vários estabelecimentos como restaurantes, lojas em geral e até mesmo as praias; por medida de segurança. Estamos sobre alerta, caso o governo mande parar", finalizou o montes-clarense.

© 2018 Rogeriano Cardoso. Zap: 99117-2042 - Email: rondacidade@gmail.com
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora