Parcela da população fragiliza

arma de combate à pandemia

Enquanto o comércio permanece fechado devido à pandemia do coronavírus, agências bancarias, casas lotéricas e pontos de ônibus em Montes Claros têm registrado um grande número de circulação de pessoas. Com trânsito carregado e filas extensas nas portas dos bancos, o vazio da quarentena foi logo substituído por velhos problemas de antes, como falta de vagas para estacionar na região central da cidade. Mem mesmo as constantes recomendações e decretos baixados pelo prefeito Humberto Souto (Cidadania) têm inibido a circulação e aglomerações de pessoas em várias áreas da cidade, especialmente no centro.

Nesta semana, o chefe do Executivo não apenas prorrogou o decreto para fechamento do comércio até o próximo dia 21, como também recomendou toda a população a usar máscaras para evitar transmissão e contágio do novo coronavírus. A pretensão é conter, sobremaneira, o cidadão dentro de casa para evitar que o caos venha a se instalar na cidade e colapsar o sistema de saúde, que já está bem saturado. Um dos fatores responsáveis pelo grande número de pessoas nas ruas são os serviços bancários como pagamentos de salários, benefícios e aposentadoria.

No entanto, nesses locais têm se formado filas de clientes que nem sempre respeitam uma distância segura para evitar a contaminação da COVID-19. A maior parcela daqueles que buscam os serviços presenciais é formada por idosos aposentados e pensionistas do INSS. Os grupos de risco estão sendo atendidos de forma prioritária, das 9 às 10 horas, antes do horário de atendimento ao público geral. Mesmo assim, as agências bancárias estão limitando a entrada de pessoas nas agências e aos terminais eletrônicos.

Do lado de fora, bancários tentam esclarecer à população nas filas que estão sendo atendidos os clientes sem cartão ou que precisem resolver questões essenciais. O aposentado José Aguiar (70 anos) saiu de casa para buscar o seu cartão de saque. "Fazem dois meses que, para receber, tenho que ir para a fila. Hoje vim buscar para poder ir só até o caixa eletrônico e não precisar entrar na agência e me expor", comentou.

O também aposentado Carlos Pereira Costa (69 anos) buscou atendimento bancário porque a senha do seu cartão foi bloqueada. De máscara, ele foi à uma unidade e precisou enfrentar fila para resolver sua demanda. "Estou tentando tomar uma certa distância para tomar mais cuidados, mas o povo ainda fica muito junto. Vim meio preocupado, mas vim. É complicado".

Nas casa lotéricas também é possível flagrar longas filas, mas os profissionais têm orientado que os clientes fiquem a uma distância de pelo menos um metro um do outro. Com um fluxo menor do que o das agências bancárias, a medida de proteção tem sido cumprida.

FEBRABAN

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que os bancos mudaram o horário de atendimento e estão funcionando das 10 às 14 horas e entre 9 e 10 horas para pessoas consideradas do grupo de risco, como idosos, gestantes e pessoas portadoras de deficiências. "A presença de pessoas no interior das agências também está sendo limitada, com controle da entrada feito por funcionários, de acordo com critérios dos bancos. Cabe aos bancos organizar o atendimento e o fluxo de pessoas nas agências", informou a entidade.

Segundo a Febraban, os novos horários foram definidos dentro das orientações estabelecidas pelo Banco Central, que possibilita às instituições financeiras alterar horários de atendimento ou suspender serviços em agências selecionadas de forma pontual e por períodos limitados de tempo. A entidade lembra que 30 milhões de aposentados recebem os benefícios do INSS nos bancos, metade por meio de crédito em conta corrente, e a outra metade por meio de saques com cartão nos terminais eletrônicos. De acordo com a Febraban, o perfil dos usuários que vai às agências é, justamente, o de pessoas de mais idade, que precisam de atendimento presencial.